Ações sobrevalorizadas, ouro e bitcoin em alta recorde e incerteza sobre corte de juros nos EUA levam especialistas a prever recessão em 2024.
A bolha financeira é um fenômeno que tem preocupado muitos investidores nos Estados Unidos nos últimos meses. Mesmo com a política monetária restritiva do Federal Reserve, o mercado de ações tem apresentado uma valorização contínua, levantando questionamentos sobre a sustentabilidade desse crescimento e a possibilidade de uma bolha se formar.
Os investidores estão cada vez mais atentos ao risco financeiro envolvido na especulação em um mercado em alta. A euforia dos investidores pode levar a decisões impulsivas e arriscadas, aumentando a volatilidade do mercado e a fragilidade de uma possível bolha. É importante estar atento aos sinais de alerta e agir com cautela para evitar prejuízos causados pela especulação desenfreada.
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O perigo da bolha financeira
Essa possibilidade está vinculada à incerteza sobre o início do ciclo de queda dos juros pelo Fed, que alimenta especulações de todos os tipos. Mal a semana iniciou e a expectativa do mercado está totalmente concentrada na quarta-feira, 20 de março, quando o Fed se reunirá para deliberar se e quando irá começar a reduzir os juros.
Os sinais emitidos pelo mercado na semana passada, com os preços do ouro e do bitcoin atingindo níveis recordes, acompanhando a alta das ações de empresas de tecnologia como a Nvidia, deram a sensação de que o cenário no curto prazo projetado por Wall Street é de mercado em alta e nenhuma indicação de recessão em 2024.
É exatamente essa previsão otimista que causa apreensão em alguns dos mais experientes especialistas do mercado financeiro americano, do ex-secretário do Tesouro Larry Summers a Michael Hartnett, estrategista-chefe de investimentos do Bank of America.
Ao longo da última semana, Summers, Hartnett e outros nomes conhecidos alertaram que as avaliações dos ativos estão fora da realidade e propensas a despencar rapidamente, com forte impacto na economia americana. Reunidos pelo portal americano Business Insider, os depoimentos abordam diferentes aspectos do atual momento econômico, mas todos convergem para a possibilidade de estouro de uma bolha.
Hartnett, por exemplo, afirmou que a ‘tremenda euforia’ com a perspectiva de cortes nas taxas de juros incentivou os investidores a adquirirem ações, ouro, criptomoedas e até títulos corporativos.
Ele alertou que o boom na compra de ações apresenta características de uma bolha, incluindo a velocidade e a magnitude dos aumentos de preços, além do foco nas empresas relacionadas à Inteligência Artificial. As ações das sete maiores empresas de tecnologia dos EUA (Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla) registraram um aumento surpreendente de 140% nos últimos 12 meses.
Além disso, apenas as cinco principais ações do grupo contribuíram com 75% dos ganhos acumulados no ano do S&P 500. O problema, segundo Hartnett, é que os dados econômicos dos EUA estão se tornando mais ‘ameaçadores’, com sinais claros de que o mercado de trabalho está em dificuldades e a inflação pode não cair tanto quanto o esperado.
‘Se os ativos de risco demonstram indiferença, isso é altamente indicativo de uma mentalidade de bolha’, observou o estrategista-chefe do BofA. David Rosenberg, ex-economista-chefe da Merrill Lynch e atual presidente da consultoria Rosenberg Research, destacou a contradição entre a expectativa de aumento nos lucros das empresas e o baixo crescimento do PIB americano previsto para este ano.
‘O aumento de 30% no S&P 500 no ano passado, mesmo com o crescimento dos lucros corporativos em apenas 4%, foi um evento de mercado em 1 a cada 10’, disse Rosenberg. ‘Como esperar que os lucros aumentem 11%, ou quase três vezes mais, este ano, quando prevê-se que o crescimento do PIB irá abrandar?’, questionou. Outro especialista, Paul Dietrich, estrategista-chefe de investimentos da B. Riley Wealth, respondeu à indagação de Rosenberg. Ele alertou que o S&P 500 poderia cair até 49%, atingindo seus mínimos da pandemia, se as avaliações das ações retrocederem para as médias históricas e a economia dos EUA entrar em recessão.
Os alertas dos especialistas
‘Este mercado de ações evoluiu para uma situação exageradamente sobrevalorizada’, disse ele, argumentando que os lucros teriam de aumentar 45% este ano para que as avaliações fizessem algum sentido. ‘A bolha do mercado de ações está à beira do colapso – cuidado!’, escreveu Dietrich em nota aos clientes. Alarmismos Outros dois nomes respeitáveis fizeram previsões que oscilaram do alarmismo ao conformismo.
Jeremy Grantham, co-fundador e estrategista de investimentos de longo prazo da GMO, alertou em relatório aos clientes que as ações estão precificadas para desapontar, a IA é uma bolha prestes a estourar e uma recessão parece provável.
Grantham chegou a comparar o recente aumento do preço das ações com as altas ocorridas antes da Grande Depressão e do crash das empresas pontocom no início do século 21, afirmando que as perspectivas de longo prazo do mercado eram ‘terríveis’ dadas essas avaliações. O investidor também sugeriu que a ‘mania da IA’ chegará ao fim e levará consigo o mercado de ações.
‘Uma recessão provavelmente acontecerá à medida que a especulação dos investidores diminuir e os efeitos tardios dos aumentos das taxas do Fed se fizerem sentir, previu.
Mais moderado, o economista e professor Larry Summers – ex-secretário do Tesouro durante a administração de Bill Clinton e ex-reitor da Universidade Harvard – alertou os investidores contra a suposição de que o Fed reduzirá as taxas neste ano, considerando como as avaliações dos ativos se tornaram tensas. ‘Certamente acredito que estamos ao menos nas primeiras etapas de uma bolha’, disse ele.
‘Embora os mercados financeiros não estejam tão agitados agora como nos picos anteriores, também não estamos tão distantes disso.’ Relacionado Por que o J.P. Morgan relaciona o mercado imobiliário ao emprego em crescimento nos EUA Calotes corporativos aumentam no ritmo mais acelerado desde a crise financeira de 2009 Jamie Dimon pede ao Fed para reduzir os juros nos Estados Unidos
Fonte: @ NEO FEED
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