Vitória de Trump acelera planos de corte de gastos e pressiona governo a implementar política protecionista, reduzir impostos para estimular economia interna e manter cotação do dólar baixa.
A ascensão de Donald Trump ao cargo de presidente dos Estados Unidos gerou uma série de reações no mercado financeiro e na economia global. Os analistas econômicos assinalaram que a vitória do candidato republicano pode levar a mudanças na política monetária e fiscal dos Estados Unidos, o que impacta diretamente na economia brasileira.
O aumento da cotação do dólar, observado logo após a confirmação da vitória de Donald Trump, é um dos primeiros sinais da influência da política externa nos mercados financeiros. A economia brasileira já vinha enfrentando desafios e essa mudança pode afetar ainda mais o mercado financeiro. A política fiscal dos Estados Unidos pode ter um impacto direto na economia brasileira, seja por meio de mudanças nas taxas de juros ou na política de comércio exterior.
A Economia Global Sob A Égide Do Dólar
A subida vertiginosa do dólar americano, uma tendência observada em outros países, é atribuída à expectativa de implementação de políticas protecionistas por parte de Trump, com o aumento de impostos para a importação de bens e serviços nos EUA, entre outras medidas que seguramente afetarão a economia mundial e interna. Essas medidas terão, no médio prazo, um impacto significativo na economia, como o aumento do déficit fiscal e a elevação das taxas de juros nos EUA, explicando a valorização do dólar mundo afora. O dólar alto com a eleição de Trump teve um efeito destacado no Brasil, colocando mais pressão sobre o pacote de corte de gastos que a equipe econômica está preparando para preservar as metas do arcabouço fiscal para 2025.
A dificuldade do governo em escolher programas e áreas a serem contemplados pela tesoura fiscal é agravada pelos efeitos na economia global previstos com a vitória de Trump, com sua agenda protecionista, abrindo uma nova frente de preocupações com o impacto na condução da política fiscal brasileira. O governo, que aguardava o resultado da eleição americana e da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que aumentou em 0,5 ponto percentual a taxa Selic, para 11,25% ao ano, deve ampliar os cortes neste novo cenário.
Economistas consultados admitem que a vitória do candidato republicano não ajuda a melhorar as expectativas para 2025. Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV, afirma que há consenso de que a gestão Trump tende a ser inflacionária, porque combina expansão fiscal, fechamento comercial e controle de imigração. Esse combo, segundo ele, limita espaço para queda de juros e deve dificultar a vida dos bancos centrais em todo o mundo, incluindo o brasileiro, aumentando o cenário de aversão a riscos e prejudicando o Brasil.
Num cenário global tranquilo, o governo poderia fazer um ajuste fiscal gradual, em etapas e sem muita pressa, mas a vitória republicana coloca pressão para que o ajuste seja feito mais rapidamente, uma vez que a vulnerabilidade atual da economia brasileira é a tendência de alta da dívida pública. O governo precisará entregar mais do que quisesse fazer.
Assim como o economista-chefe do BV, muitos analistas acreditam que o Federal Reserve (Fed) teria menos espaço para reduzir as taxas de juros em comparação ao cenário hoje desenhado. Os juros mais elevados tendem a valorizar o dólar e, por tabela, nos trazem um desafio para a política fiscal brasileira, considerando o cenário de aversão a riscos e a necessidade de ajustes mais rápidos.
Fonte: @ NEO FEED
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