Estudos mostram que nossos antepassados adquiriram genes de amilase em duas fases da evolução, durante a transição para a agricultura e o uso do fogo, melhorando o processo de digestão.
Quando alguém começa a mastigar alimentos ricos em amido, como pães, salgados ou purê de batata, o processo de digestão já está em andamento. Isso ocorre graças à ação da amilase, uma enzima presente na saliva que desempenha um papel fundamental na quebra do amido em moléculas menores.
A amilase é uma proteína que atua como uma enzima, responsável por quebrar as ligações químicas entre as moléculas de amido, transformando-as em açúcares simples. Esse processo é essencial para a absorção de nutrientes pelo corpo. A digestão eficiente do amido é crucial para a saúde. Além disso, a ação da amilase também ajuda a prevenir problemas digestivos, como a intolerância ao amido.
A Amilase: Uma Enzima Fundamental na Evolução Humana
A amilase, uma enzima presente na saliva, desempenhou um papel crucial na evolução humana, à medida que nossos ancestrais aprenderam a cozinhar e, posteriormente, com o surgimento da agricultura. Dois estudos recentes revelam que nossos antepassados adquiriram mais genes de amilase em duas fases distintas. A primeira, há centenas de milhares de anos, pode ter sido associada ao uso do fogo, enquanto a segunda ocorreu há cerca de 12 mil anos, com a transição para a agricultura.
A amilase, uma proteína, é responsável por quebrar o amido em moléculas menores, facilitando o processo de digestão. A capacidade humana de ingerir e digerir alimentos ricos em amido se deve à ação dessa enzima. No entanto, apenas recentemente, com os avanços no sequenciamento de DNA, foi possível identificar com precisão quantas cópias dos genes de amilase estão presentes no genoma humano.
A Evolução da Amilase: Do Uso do Fogo à Agricultura
Uma dessas pesquisas foi liderada pelo geneticista Omer Gokcumen, da Universidade de Buffalo, em Nova York, EUA, e foi descrita em um artigo publicado na revista Science. Segundo Gokcumen, essa adaptação alimentar foi fundamental para a evolução da nossa espécie. Ele explica que o número de genes de amilase varia conforme a dieta das populações, e essa variação pode estar ligada a doenças modernas, como o diabetes, relacionado ao consumo excessivo de amido.
A equipe de Gokcumen encontrou evidências fósseis que indicam que humanos há 45 mil anos já tinham cerca de cinco cópias dos genes de amilase. Os neandertais também apresentavam várias cópias, sugerindo que essa característica já existia no ancestral comum entre humanos modernos e neandertais, que viveu há mais de 600 mil anos. O estudo de Gokcumen diz que o uso do fogo para cozinhar alimentos ricos em amido pode ter sido um fator determinante nessa evolução, pois o calor torna esses alimentos mais fáceis de digerir.
A Variação Genética da Amilase: Implicações para a Saúde
Outro estudo, liderado por Peter Sudmant, geneticista da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e publicado na revista Nature, revela que o número de cópias dos genes de amilase varia significativamente entre os indivíduos. Algumas pessoas possuem até 11 cópias desse gene. Essa variação genética diferencia os humanos de outras espécies. Chimpanzés e outros macacos também produzem amilase na saliva, mas têm apenas um gene para essa enzima.
A pesquisa sobre a produção de amilase começou na década de 1960, quando cientistas descobriram que algumas pessoas produziam mais dessa enzima na saliva. No entanto, apenas recentemente, com os avanços no sequenciamento de DNA, foi possível identificar com precisão quantas cópias dos genes de amilase estão presentes no genoma humano. Essas descobertas podem abrir caminho para tratamentos médicos que utilizem a amilase no combate a doenças relacionadas ao consumo excessivo de amido.
Fonte: @Olhar Digital
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