Redistribuição da carga horária segue regras do Novo Ensino Médio e BNCC. Câmara pode aprovar, mas Senado também precisará avaliar.
A votação do projeto que propõe alterações no sistema de Ensino Médio está agendada para acontecer ainda esta semana na Câmara dos Deputados. Essas mudanças têm como objetivo principal modernizar o currículo e tornar o Ensino Médio mais atrativo para os estudantes.
As transformações no sistema de Educação Secundária são fundamentais para garantir uma formação mais completa e alinhada com as demandas atuais do mercado de trabalho. É essencial que as políticas voltadas para o Ensino Médio estejam em constante evolução para preparar os jovens de forma adequada para o futuro.
Novas regras do Ensino Médio
Pelo texto do relator, deputado Mendonça Filho (União-PE), ao qual o g1 teve acesso, a nova divisão da carga horária prevê 2.880 horas para disciplinas obrigatórias e 720 horas para as optativas, assim como estava previsto no projeto original do enviado em outubro.
📚 Hoje, todas as redes de ensino do país, públicas e privadas, têm que destinar 2.160 horas para disciplinas obrigatórias e 1.440 horas para optativas (itinerários formativos ou curso técnico escolhidos pelo aluno). Em dezembro, o relator havia proposto uma distribuição diferente.
O recuo dele acontece na tentativa de resolver problemas da reforma que mudou a grade curricular e oferta de disciplinas optativas em todas as escolas brasileiras, que gerou amplo debate e críticas incisivas ao governo federal. Se for aprovado na Câmara, ainda precisará ser analisado pelo Senado.
Reflexos da redistribuição da carga horária no Ensino Médio
O principal embate entre o Ministério da Educação (MEC) e o Congresso era a respeito da distribuição das horas/aula do novo ensino médio entre as disciplinas obrigatórias (aquelas previstas na Base Nacional Comum Curricular, BNCC) e as recém-criadas disciplinas optativas (ou itinerários formativos).
No novo modelo, que já está em vigor, a etapa escolar prevê 3.600 horas totais, divididas nos três anos da etapa. Na versão que começou a ser implantada em 2022, a distribuição das horas/aula era de 70% para as aulas obrigatórias e 30% para as optativas, o que gerou muitas das críticas ao novo modelo.
Na nova distribuição, presente no relatório de Mendonça Filho, as disciplinas obrigatórias ocupariam 85% da grade da etapa escolar.
Solução para o impasse
Inicialmente, em relatório apresentado em dezembro, o relator chegou a defender uma redistribuição da carga horária total, com aumento das disciplinas obrigatórias para 2.250 horas, abaixo do que queria o MEC.
O impasse, no entanto, parece ter sido resolvido, já que Mendonça Filho acatou esse pedido do ministério. Apesar de ceder em relação à redistribuição das horas/aula, o deputado deve apresentar outros ajustes de maneira diferente do que foi pedido anteriormente pelo governo.
Repercussões da Reforma no Ensino Médio
➡️ CARGA HORÁRIA Como é hoje:
- 2.160 horas para disciplinas obrigatórias; e
- 1.440 horas para optativas (itinerários formativos ou curso técnico escolhidos pelo aluno).
Como o governo quer e o relator propõe:
- 2.880 horas para disciplinas obrigatórias; e
- 720 horas para optativas (itinerários formativos escolhidos pelo aluno).
➡️ DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS Como é hoje:
- Apenas português e matemática precisam estar presentes em todos os anos do ciclo, assim como estudos e práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia.
Como o governo queria:
- Tornar obrigatórias em todos os anos língua portuguesa e suas literaturas; língua inglesa; língua espanhola; arte; educação física; matemática; história, geografia, sociologia e filosofia; e física, química e biologia.
Como o relator propõe:
- Tornar obrigatórias em todos os anos linguagens e suas tecnologias, integrada pela língua portuguesa e suas literaturas; língua inglesa; artes, em suas múltiplas linguagens e expressões; e educação física; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias, integrada pela biologia, física e química; ciências humanas e sociais aplicadas, integrada pela filosofia, geografia, história e sociologia.
➡️ ITINERÁRIOS FORMATIVOS Como é hoje:
- as redes definem quantos e quais itinerários formativos vão ofertar.
Como o governo queria:
- delimitação de 4 possibilidades de itinerários formativos, devendo cada um contemplar ao menos 3 áreas do conhecimento; ou curso de formação técnica e profissional.
Cada escola deveria ofertar no mínimo dois itinerários.
Como o relator propõe:
- delimitação dos itinerários formativos para aprofundamento nas áreas do conhecimento, devendo cada um contemplar ao menos uma dessas áreas; ou curso de formação técnica e profissional.
- Cada escola deve ofertar no mínimo dois itinerários (exceto as que ofertarem também o ensino técnico).
➡️ CARGA HORÁRIA DO ENSINO TÉCNICO Como é:
- 1.440 horas (equivalente à carga de outras disciplinas optativas).
Como o governo queria:
- Permissão excepcional para que as redes ofertassem disciplinas obrigatórias em 2.250 horas, desde que articuladas com um curso técnico de, no mínimo, 800 horas.
Como o relator propõe:
- 2.160 horas para disciplinas obrigatórias; e
- 1.440 horas para o curso técnico escolhido (diferente da carga de outras disciplinas optativas).
➡️ ENSINO À DISTÂNCIA Como é hoje:
- A legislação permite que os conteúdos possam ser dados por meio de atividades on-line e que os sistemas de ensino possam firmar convênios com instituições de educação à distância.
Como o governo queria:
- Proibir a oferta dos componentes curriculares da Formação Geral Básica na modalidade de Educação à Distância e regulamentação da oferta dessa modalidade em contextos específicos para os itinerários formativos.
Como o relator propõe:
- Carga horária destinada à formação geral básica deve ser ofertada de forma presencial, admitido, excepcionalmente, ensino mediado por tecnologia, com base em regulamento a ser elaborado.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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