Iniciativas mudam realidade de jovens em situação de pobreza na faixa etária de preparação para o ensino, visando engajamento na construção do futuro.
Aproximadamente 60% dos estudantes brasileiros entre 15 e 17 anos que estão matriculados em escolas estavam em situação de pobreza em 2023, conforme informações do Todos Pela Educação, solicitadas pela CNN. Os dados revelam que, em 2022, mais de 4,8 milhões de estudantes nessa faixa etária estavam vivendo com uma renda de até meio salário mínimo, ou seja, no máximo R$ 706 por mês.
Essa realidade impacta não apenas os estudantes, mas também os adolescentes e jovens em todo o país. É fundamental buscar soluções que garantam uma educação de qualidade e oportunidades igualitárias para todos os alunos. Investir na formação e no bem-estar desses jovens é essencial para construir uma sociedade mais justa e inclusiva.
Desafios dos Estudantes em Situação de Vulnerabilidade Socioeconômica
Nos últimos anos, o número de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica tem diminuído, mas ainda é um ponto de destaque devido ao momento crucial de preparação que os alunos enfrentam para ingressar no ensino superior. A faixa etária desses adolescentes corresponde ao período regular do Ensino Médio, onde os estudos desempenham um papel fundamental na preparação para os vestibulares.
Segundo Jackson Almeida, Analista de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, a baixa renda muitas vezes leva os jovens a buscar formas de renda para ajudar suas famílias, deixando os estudos em segundo plano. Esse cenário de vulnerabilidade socioeconômica impacta significativamente tanto o processo de ensino-aprendizagem quanto os aspectos de construção e engajamento dos estudantes em seus projetos de vida, especialmente aqueles que almejam o ensino superior.
Em 2017, quase 5,6 milhões de adolescentes se encontravam nessa condição, representando cerca de 65% da população nessa faixa etária matriculada em escolas, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE. No ano anterior, aproximadamente 1,4 milhão de jovens viviam em extrema pobreza, com uma renda equivalente a um quarto do salário mínimo (R$ 353).
As regiões mais impactadas por essa realidade são o Nordeste e o Norte do Brasil, com estados como Maranhão, Acre, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Paraíba e Piauí apresentando as maiores porcentagens de estudantes nessa situação.
Para combater essa situação, diversas organizações da sociedade civil têm se mobilizado para oferecer assistência aos estudantes em vulnerabilidade que almejam cursar o ensino superior. Uma dessas iniciativas é o Projeto Gauss, que oferece bolsas de estudos em cursos preparatórios, mentoria e apoio multidisciplinar para alunos em situação de vulnerabilidade.
Paulo Funari, Diretor Presidente e conselheiro do projeto, destaca que o Gauss proporciona não apenas bolsas de estudo em cursinhos pré-vestibulares, escolas e instituições de ensino, mas também auxílio transporte, alimentação e programas de mentoria para acompanhar a evolução dos estudantes. A associação, que leva o nome do matemático Johann Carl Friedrich Gauss, já beneficiou mais de 100 estudantes em cinco estados brasileiros, com o apoio de mais de 300 voluntários e um investimento de mais de R$ 5 milhões em educação desde 2015.
Fonte: © CNN Brasil
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