Apenas três situações permitem o procedimento: gestação por estupro, risco à vida da mulher e anencefalia fetal. Não há limite de idade gestacional para realizá-lo.
BÁRBARA BLUMSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Projeto de Lei 1904, aprovado com urgência nesta quarta-feira (13) na Câmara dos Deputados, propõe estabelecer um limite de 22 semanas para a realização de aborto em casos de estupro no Brasil. Atualmente, a prática é autorizada apenas em três circunstâncias, que são gestação resultante de estupro, risco à vida da mulher e anencefalia fetal. A discussão sobre a ampliação ou restrição da legislação que envolve o aborto é um tema sensível e de grande importância para a sociedade brasileira.
A proposta de limitar a interrupção voluntária da gravidez em casos de estupro a 22 semanas levanta debates acalorados entre defensores e opositores da medida. A questão da autonomia da mulher sobre seu próprio corpo e a proteção dos direitos reprodutivos são aspectos fundamentais a serem considerados nesse contexto. É crucial que haja um diálogo aberto e respeitoso para garantir que as decisões relacionadas ao aborto sejam tomadas de forma consciente e responsável.
Projeto de Lei propõe aumento da punição para aborto com viabilidade fetal
O debate sobre o aborto no Brasil ganha destaque com o Projeto de Lei apresentado pelo deputado Sóstenes Cavalcante, que visa alterar o Código Penal para aumentar a punição àqueles que realizam a interrupção voluntária da gravidez quando há viabilidade fetal, geralmente presumida após 22 semanas de gestação. A proposta busca equiparar a penalidade à de homicídio simples, podendo chegar a 20 anos de prisão, tanto para as gestantes quanto para os profissionais que realizam o procedimento.
Discussão sobre a idade gestacional e a decisão do STF
Atualmente, o Código Penal brasileiro não estabelece limite de idade gestacional para a realização do aborto em casos de estupro, sendo permitido também em situações de risco à vida da gestante. No entanto, a questão da viabilidade fetal tem sido cada vez mais debatida, especialmente após a decisão do Supremo Tribunal Federal em 2012, que permitiu a interrupção da gravidez em casos de anencefalia.
Impactos do projeto na saúde pública e nas mulheres vulneráveis
A coordenadora da ONG Nem Presa, Nem Morta, Laura Molinari, alerta para os possíveis impactos do projeto de lei, que poderia afetar não apenas as mulheres que buscam o procedimento, mas também os profissionais de saúde que atuam no Sistema Único de Saúde. Ela ressalta que as maiores prejudicadas seriam as meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade, especialmente aquelas que foram vítimas de violência sexual.
Posicionamentos e desafios no debate sobre o aborto
A professora de ciência política da UnB, Flávia Biroli, destaca a importância de garantir o acesso ao aborto legal, principalmente em casos de estupro, que afetam majoritariamente meninas e adolescentes. Ela ressalta a necessidade de manter a lei existente, que prevê a interrupção da gravidez em situações específicas, sem impor novas restrições que possam prejudicar as mulheres mais vulneráveis.
Disputas e impasses em torno do tema
O projeto de Sóstenes Cavalcante surge em meio a uma disputa envolvendo o Conselho Federal de Medicina e a prática da assistolia fetal, procedimento que tem sido alvo de controvérsias e debates acalorados. A discussão sobre o aborto no Brasil continua a suscitar polêmicas e reflexões sobre os direitos reprodutivos e a saúde das mulheres em um contexto de constantes embates políticos e sociais.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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