Imunizantes como a vacina BCG e vacinação contra o HPV podem ajudar na prevenção de diversos tipos de câncer, incluindo de colo de útero e fígado.
A importância da vacinação não pode ser subestimada. Além de prevenir doenças infecciosas, as vacinas também desempenham um papel fundamental na proteção da saúde da população. É por meio da imunização que conseguimos reduzir a incidência de diversas enfermidades e garantir o bem-estar coletivo.
É fundamental que a população tenha acesso aos imunizantes de forma regular e atualizada. Afinal, a vacinação é uma das medidas mais eficazes para prevenir surtos de doenças infecciosas. Por isso, é essencial que haja campanhas de conscientização sobre a importância da vacinação e da disponibilização de vacinas de qualidade para todos.
Vacinas e Imunizantes Contra Tumores: Câncer de Colo do Útero
Há perspectivas de ampliação do arsenal de imunizantes, incluindo vacinas contra tumores. Dentre os tipos de câncer que podem ser prevenidos ou tratados com vacinas, destaca-se o câncer de colo do útero. A vacina mais reconhecida para prevenir esse tipo de câncer é a do HPV, sigla em inglês para papilomavírus humano, um vírus comum e fortemente ligado ao desenvolvimento do câncer ginecológico feminino. Atualmente, é o terceiro tumor mais frequente, ficando atrás apenas do câncer de mama e colorretal. Além disso, é o quarto que mais causa óbitos em mulheres no Brasil, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) de 2021.
A vacinação contra o HPV está disponibilizada há uma década no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, bem como para adultos em alguns grupos de risco específicos. A vacina, aplicada em duas doses no SUS, protege contra os subtipos mais comuns do HPV, como 6, 11, 16 e 18, responsáveis por uma grande parcela dos casos de câncer do colo do útero.
Importância e Eficácia das Vacinas Contra o HPV
É essencial a vacinação contra o HPV para evitar a transmissão do vírus. Ademais, estimula a produção de anticorpos, principalmente em crianças e adolescentes que ainda não tiveram contato com o vírus. Embora a maioria das pessoas tenha ou terá contato com o HPV, nem todas desenvolvem lesões ou evoluem para o câncer. A vacina é uma ferramenta crucial, especialmente em países subdesenvolvidos onde o câncer de colo do útero é um desafio de saúde pública.
A vacinação contra o HPV, apesar dos benefícios como a prevenção do câncer de colo do útero, ainda apresenta adesão abaixo do desejado. Entre 2014 e 2023, apenas 70,9% das meninas receberam a primeira dose no Brasil, e o índice é ainda menor para os meninos. A crença equivocada de que a vacina pode incentivar a atividade sexual precoce é um dos motivos que contribui para essa baixa adesão. No entanto, é fundamental destacar que o HPV é um problema de saúde pública e a vacina é uma medida fundamental para preveni-lo. O Inca estima cerca de 17 mil novos casos de câncer de colo de útero e 6.600 mortes anualmente no Brasil.
Vacinas Contra Câncer de Fígado e Bexiga
No contexto do câncer de fígado, a vacinação contra o vírus da hepatite B é essencial para a prevenção do hepatocarcinoma. Aproximadamente 30% dos casos desse tipo de câncer são causados pelo vírus da hepatite B. A vacina contra a hepatite B está disponível na rede pública e é administrada em diferentes doses, de acordo com as recomendações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Outro tipo de câncer, o câncer de bexiga, pode ser tratado com a vacina BCG, que atua no combate ao tumor por meio do estímulo aos linfócitos T. Essa vacina é considerada a primeira imunoterapia no tratamento desse tipo de câncer. A ressecção do tumor seguida da aplicação da vacina BCG é parte do protocolo padrão para o tratamento do câncer de bexiga superficial. O câncer de bexiga é mais comum em tabagistas e homens mais velhos, com cerca de 11.370 novos casos anuais estimados pelo Inca.
Vacinação e Imunoterapia no Câncer de Próstata e Melanoma
O câncer de próstata, segundo mais comum entre homens no Brasil, pode ser tratado com a vacina terapêutica Sipuleucel-T. Essa vacina, que estimula o sistema imunológico a combater as células cancerígenas, é recomendada para casos metastáticos e de pacientes que não respondem à hormonioterapia. No entanto, o alto custo desse tratamento pode limitar sua ampla utilização.
Já o melanoma, tipo agressivo de câncer de pele, apresentou avanços com a combinação de imunoterapia e uma vacina de RNA mensageiro. Estudos revelam que a associação desses tratamentos reduziu significativamente o risco de recidiva do tumor, representando um potencial avanço no tratamento contra o melanoma. Apesar de ainda estar em fase de estudo, essa estratégia promete impactar positivamente a abordagem terapêutica dessa doença complexa.
Fonte: @ Estadão
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