Estudo mostra: Dieta melhora saúde mental e metabólica em pacientes com esquizofrenia e transtorno bipolar, produzindo corpos cetônicos.
Recentemente, um estudo inovador, conduzido por especialistas da área de saúde da Universidade de Stanford, revelou os benefícios surpreendentes da dieta cetogênica em relação a condições psiquiátricas, como esquizofrenia ou transtorno bipolar. A pesquisa destacou como a adoção desse plano alimentar cetogênico pode impactar positivamente a saúde mental dos pacientes, abrindo novas perspectivas no campo da psiquiatria.
A dieta cetogênica tem sido cada vez mais reconhecida por seus efeitos terapêuticos, indo além do aspecto da perda de peso. Neste estudo, a importância da alimentação cetogênica para a saúde mental foi evidenciada, mostrando como a adesão a esse regime cetogênico pode trazer benefícios significativos para quem enfrenta desafios psiquiátricos. Incorporar essa abordagem inovadora no tratamento de condições como esquizofrenia e transtorno bipolar pode representar uma mudança profunda no cuidado com a saúde mental.
Estudo aponta os benefícios da dieta cetogênica na saúde metabólica
Conforme indicado no estudo, a alimentação cetogênica pode desempenhar um papel significativo na melhora da saúde metabólica e na redução dos sintomas psiquiátricos. Os resultados da investigação foram divulgados no final de março na revista científica Psychiatry Research.
Os pesquisadores observaram que o tratamento convencional para essas condições psiquiátricas com medicamentos antipsicóticos pode ocasionar efeitos colaterais metabólicos, tais como resistência à insulina e obesidade. Por isso, a adoção de um regime cetogênico pode ser uma alternativa valiosa, de acordo com os responsáveis pelo estudo.
A dieta cetogênica baseia-se em uma ingestão reduzida de carboidratos e em uma elevada proporção de gorduras, com o intuito de promover a cetose, um processo metabólico que ocorre no organismo quando os níveis de glicose encontram-se em baixa quantidade. Durante esse processo, o corpo começa a produzir corpos cetônicos para suprir a necessidade energética, uma vez que a glicose proveniente dos carboidratos está em déficit.
Esses corpos cetônicos são derivados das células adiposas, que são decompostas e transformadas em corpos cetônicos pelo fígado. A análise de se a dieta cetogênica poderia ser benéfica no tratamento de doenças como a esquizofrenia teve origem na experiência da Dra. Shebani Sethi, professora associada de Psiquiatria e Ciências Comportamentais na Stanford Medicine e principal autora do estudo.
Durante seu trabalho em uma clínica de obesidade, Sethi atendeu um paciente com esquizofrenia resistente ao tratamento convencional, cujos sintomas de alucinações auditivas diminuíram ao adotar uma dieta cetogênica. A partir desse episódio, a pesquisadora decidiu investigar a literatura médica e encontrou registros de sucesso no uso da dieta cetogênica para o tratamento de crises epilépticas.
A Dra. Sethi explicou: ‘A dieta cetogênica demonstrou eficácia em crises epilépticas refratárias ao tratamento, reduzindo a excitabilidade dos neurônios no cérebro. Consideramos que valia a pena explorar essa abordagem em condições psiquiátricas’.
Gestão da dieta cetogênica em pacientes com distúrbios psiquiátricos
Para a execução do estudo atual, a equipe de Sethi acompanhou 21 adultos diagnosticados com esquizofrenia ou transtorno bipolar. Esses participantes já utilizavam medicamentos antipsicóticos e demonstravam alguma disfunção metabólica, como ganho de peso, resistência à insulina, hipertrigliceridemia, dislipidemia ou tolerância diminuída à glicose.
Os voluntários receberam orientações para seguir um plano alimentar cetogênico, no qual cerca de 10% das calorias advinham de carboidratos, 30% de proteínas e 60% de gorduras. Além disso, receberam materiais com receitas específicas para esse tipo de alimentação e acesso a um profissional de saúde especializado.
Para verificar a adesão dos participantes à dieta, os níveis de cetonas no sangue eram monitorados semanalmente pela equipe. Ao final do estudo, constatou-se que 14 pacientes seguiram rigorosamente a dieta, seis aderiram parcialmente, enquanto apenas um não conseguiu aderir. Esse resultado reforça a viabilidade e o potencial terapêutico da dieta cetogênica no manejo de condições psiquiátricas, além de melhorar a saúde metabólica dos pacientes.
Fonte: © CNN Brasil
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