CEO do J.P. Morgan destaca desafios como descontrole fiscal e riscos geopolíticos na luta contra inflação. Banco está preparado para qualquer cenário no mercado bancário.
O CEO do J.P. Morgan, Jamie Dimon, expressou preocupações sobre o impacto das altas taxas de juros nos Estados Unidos, alertando para os desafios que a situação fiscal e os riscos associados à política do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) podem trazer para a economia.
Dimon ressaltou que a manutenção de taxas de juros elevadas pode gerar um aumento nos juros pagos pelos consumidores e pelas empresas, dificultando o acesso ao crédito e desacelerando o crescimento econômico. O CEO enfatizou a importância de o Fed manter um equilíbrio cuidadoso entre controlar a inflação e sustentar a recuperação econômica, a fim de evitar danos maiores à estabilidade financeira do país.
Dimon alerta para possíveis aumentos nas taxas de juros nos Estados Unidos
Desta vez, na carta anual que escreve aos acionistas da instituição financeira, o executivo-chefe do maior banco dos Estados Unidos, com US$ 3,4 trilhões em ativos, alertou que as taxas de juros no país podem alcançar 8%, ou mais, nos próximos anos, com o descontrole fiscal e riscos geopolíticos, o que pode complicar a luta contra a inflação.
‘Os enormes gastos fiscais, os trilhões de dólares necessários a cada ano para alcançar uma economia verde, a remilitarização do mundo e a reestruturação do comércio global são todos [fatores] inflacionários’, diz trecho da carta, publicada nesta segunda-feira, 8 de abril. Segundo Dimon, a economia americana se mostra resiliente, mesmo tendo enfrentado uma crise com bancos regionais.
Mas destacou que essa força é abastecida por grandes déficits fiscais e pacotes de estímulos.
E considerando os gastos necessários para a transição energética, a reestruturação das cadeias globais de suprimentos, despesas militares e a necessidade de combater o aumento dos custos de saúde, Dimon alertou que os Estados Unidos podem enfrentar uma inflação ‘mais rígida e juros mais elevados do que os mercados esperavam’.
Dimon questiona o otimismo do mercado financeiro em relação à economia americana
Na carta, Dimon questiona o otimismo do mercado financeiro em relação à possibilidade de o Fed conseguir um soft landing da economia, controlando a inflação, sem jogar o país em uma recessão, no curto prazo. ‘Os mercados estão precificando uma chance de 70% a 80% de um soft landing’, diz trecho da carta aos acionistas.
‘Eu acredito que as chances são muito menores que isso.’ A cautela de Dimon em relação à economia americana não é de hoje. Em 2022, ele alertou que um ‘furacão’ estava prestes a atingir a economia dos Estados Unidos, diante do aumento das taxas de juros. Em março, durante evento na Austrália, o CEO do J.P.
Morgan afirmou que o Fed não deveria ter pressa para começar a cortar os juros nos Estados Unidos, destacando que um erro na estratégia pode respingar novamente na credibilidade da autoridade monetária, duramente abalada após ter deixado os preços dispararem entre 2021 e 2022.
Preparação do J.P. Morgan para lidar com diferentes cenários de taxas de juros
Dimon disse que o banco está se preparando para lidar com uma série de cenário, desde os juros caindo para abaixo de 2% ou até acima de 8%. ‘Com base nestes diversos cenários, nossa companhia continuaria com um desempenho pelo menos ok’, diz trecho da carta.
Além do cenário econômico, a carta de 61 páginas escrita por Dimon traz reflexões sobre uma uma série de fatores, incluindo o mercado bancário americano e os impactos da inteligência artificial, afirmando que ainda é cedo para entender todas as suas consequências para o mercado bancário e a sociedade.
Mas entende que ela deve gerar transformações idênticas ao computador, eletricidade e a internet. Sucessão Um ponto no qual Dimon não se debruça é em relação à sua sucessão no comando do J.P. Morgan.
Sobre este tema, um documento regulatório publicado nesta segunda-feira aponta que uma das prioridades do conselho de administração é ‘assegurar uma transição ordenada do cargo de CEO no médio prazo’.
Como parte desse processo, o banco reorganizou sua estrutura no começo do ano, com troca de executivos de posições, uma sinalização de que existe mais de um nome avaliado para suceder Dimon, de 68 anos.
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Fonte: @ NEO FEED
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