Salões de beleza japoneses oferecem serviços sem conversa, com cadeiras silenciosas, priorizando experiência silenciosa.
Em cidades como o Rio de Janeiro, a densidade populacional é tão alta que as ruas ficam lotadas e a vida noturna expressa-se em ruas fechadas, como a famosa Rua do Ouvidor. Neste contexto, a silência é um valor precioso para muitos cariocas, que buscam refúgio em ambientes tranquilos para escapar da agitação da cidade.
Embora a silência seja valorizada, em alguns casos, como em ambientes de absoluto silêncio para estudos ou meditação, em geral, a vida carioca gira em torno da conversa e do convívio social. A reduzida capacidade de diálogo em ambientes públicos devido à superlotação da cidade pode ser um problema, mas, especialmente em ambientes fechados, como bares e restaurantes, o silêncio é menos valorizado e a conversa é incentivada. Nesse sentido, a cidade demonstra uma faceta diversa, onde a silência é mais rara e a conversa é uma parte imprescindível da vida noturna.
Um Refúgio de Silêncio em Meio de Tanta Conversa
Em um mundo onde a sociabilidade parece cada vez mais imperativa, alguns indivíduos começaram a buscar soluções extremas para escapar da incessante troca de palavras. Eles estão dispostos a pagar por um momento de absoluto silêncio, longe das pressões sociais e das conversas indesejadas. Nesse contexto, o Japão se destaca como um dos principais proponentes dessa tendência, oferecendo uma série de serviços padronizados com o objetivo de atrair aqueles que buscam evitar interações sociais indesejadas.
Reduzindo a Conversa em Serviços de Beleza
Um dos primeiros a adotar essa ideia foi o Hair Works Credo, um salão de beleza localizado em Tóquio, que oferece três níveis de conversa: normal, reduzida ou nenhuma conversa. Após uma consulta inicial, os clientes podem escolher entre uma experiência silenciosa, que permite que eles relaxem sem a pressão de manter um bate-papo. Takahiro Noguchi, proprietário do salão, explica que o serviço ‘kaiwa nashi’ (sem conversa) foi lançado há dez anos, inspirado pelas ‘cadeiras silenciosas’ no Reino Unido e que cerca de 60% de seus clientes preferem uma experiência sem conversa ou com conversa limitada, ressaltando que a motivação não é necessariamente timidez, mas uma simples preferência por ter um ‘dia de introvertido’.
A Preferência por um Silêncio Fiado
Uma pesquisa realizada em abril pela Hot Pepper Beauty Academy, do Recruit Group, revelou que 52,9% dos participantes preferiam evitar conversa fiada no salão. Os tópicos ‘mais indesejáveis’ incluíam trabalho e escola, seguidos por assuntos pessoais, como amor, casamento e planos para as férias. No entanto, alguns homens afirmaram gostar de conversar sobre seus hobbies, como mangá e esportes, enquanto muitas mulheres disseram não se opor a falar sobre cuidados com os cabelos.
Um Silêncio Espalhado por Lojas e Restaurantes
Com o tempo, a ideia do ‘serviço silencioso’ se espalhou para outros setores no Japão. A Urban Research, uma rede de lojas de roupas em Osaka, permite que os clientes escolham sacolas azuis transparentes para indicar se desejam ajuda ou preferem um momento sem interações. Já o Kura Sushi, uma famosa cadeia de sushi com esteira rolante, permite que os clientes façam pedidos e paguem usando seus telefones, com um sistema inicialmente projetado para o distanciamento social, que foi adotado por pessoas introvertidas que preferem evitar a interação com a equipe. O aplicativo também permite que os clientes gerenciem seus pedidos, contem os pratos e paguem sem nenhuma interação verbal. Akihiro Tsuji, porta-voz do Kura Sushi, ressalta que o serviço foi bem recebido por clientes que buscam evitar a pressão social da interação verbal.
Fonte: @ Minha Vida
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