Após enchentes na capital gaúcha, pelo menos 4 ocupações surgiram no centro da cidade devido à falta de moradia, segundo pesquisa.
As ocupações de imóveis desocupados têm se tornado mais frequentes em São Paulo. Pelo menos cinco ocupações foram registradas por grupos de sem-teto na região central da cidade desde o início do ano. A mais recente ocupação, realizada na última sexta-feira (14), mobilizou mais de 300 pessoas em busca de moradia digna.
Além das ocupações de prédios abandonados, temos visto um aumento nas invasões de terrenos baldios na periferia da cidade. Recentemente, uma invasão de um terreno abandonado no extremo sul de São Paulo resultou em confronto com a polícia local, mas os invasores resistiram e permanecem no local até o momento.
Ocupações de prédios abandonados em Porto Alegre
A Agência Brasil teve a oportunidade de visitar uma das invasões que atualmente abriga cerca de 48 famílias, totalizando mais de 120 pessoas. Localizada no centro histórico da capital gaúcha, a ocupação se estabeleceu em um edifício abandonado há mais de uma década, que anteriormente era conhecido como o antigo Hotel Arvoredo, e agora é chamada de Ocupação Desalojados pela Enchente Rio Mais Grande do Sul.
Diferentemente das outras invasões que ocorreram recentemente, esta não foi liderada por um movimento social organizado. Pelo contrário, foram famílias que, diante da falta de moradia e sem desejo de permanecer em abrigos, buscaram uma alternativa e adentraram o prédio em 24 de maio. Entre os ocupantes, destacam-se Liziane Pacheco Dutra e seu marido Anselmo Pereira Gomes, membros da ocupação O Rio Mais Grande do Sul.
Liziane, de 37 anos e profissão de faxineira, mudou-se com sua família para a ocupação após a residência deles, situada no bairro Rio Branco, ser inundada até o telhado. Ela expressa sua indignação com a quantidade de prédios abandonados na cidade, questionando por que não são utilizados para abrigar a população desabrigada, em vez de investir em novas construções.
As novas ocupações são um reflexo da crescente falta de moradia na capital gaúcha, conforme apontado por uma pesquisa da Fundação João Pinheiro. Em 2019, o déficit habitacional em Porto Alegre ultrapassava 87 mil unidades habitacionais, uma situação agravada pelas enchentes que desalojaram mais de 388 mil pessoas em todo o estado, de acordo com dados da Defesa Civil.
Outro ocupante, Carlos Eduardo Marques, de 43 anos, que trabalha como pedreiro e técnico de celulares, relata que sua família perdeu tudo no bairro Sarandi e, sem ter para onde ir, decidiu unir-se a outras famílias insatisfeitas nos abrigos e ocupar o edifício abandonado. A resistência das famílias em deixar o local é evidente, mesmo diante de pressões judiciais para desocupação.
Carlos destaca a falta de acolhimento adequado nos abrigos e a temporariedade das soluções propostas, defendendo a luta por condições dignas de moradia. As famílias estão determinadas a permanecer e batalhar por seus direitos, mesmo diante dos desafios legais impostos pela empresa proprietária do prédio. A solidariedade e a união entre os ocupantes são fundamentais nesse cenário de incerteza e vulnerabilidade.
Fonte: @ Agencia Brasil
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