Clarinha, atropelada em 2000, internada em coma com lesão cerebral. A entidade desaparecida permanece um mistério.
Uma paciente que passou quase duas décadas em coma, sem que sua identidade fosse descoberta, veio a falecer nesta quinta-feira (24) em Vitória (ES). Conhecida no hospital como Clarinha, a paciente foi vítima de um atropelamento em junho de 2000, enquanto atravessava uma avenida da capital capixaba. Mesmo com todo o cuidado e tratamento oferecido, ela não recuperou a consciência ao longo dos anos.
A história dessa paciente mostra como é importante a assistência contínua e especializada para aqueles que se encontram em estado grave. O cuidado com o paciente em coma é fundamental para garantir conforto e dignidade ao indivíduo e à sua família durante todo o período de internação na clínica. É necessário compreender a importância de oferecer suporte não só ao doente, mas também àqueles que o cercam.
Paciente internada em coma por 23 anos falece no Espírito Santo
‘Ela chegou assim [em coma] e permaneceu nesse estado até o falecimento’, afirma o médico e coronel aposentado Jorge Potratz, que cuidou da paciente na unidade em que estava internada, o Hospital da Polícia Militar do Espírito Santo, ao longo de 23 anos. O médico relata que, durante 17 anos desse período, foi responsável pelos cuidados diretos prestados no hospital.
Nos últimos seis anos, quando já estava na reserva, Potratz relata que orientou os profissionais da instituição no tratamento de Clarinha, como era conhecida devido à cor da pele. ‘Ela era totalmente dependente, precisando de ajuda para higiene, alimentação e outras necessidades’, afirma o médico. Além da lesão cerebral, a paciente nunca apresentou qualquer outra doença durante sua permanência no hospital.
Na manhã de quinta-feira, no entanto, Clarinha vomitou e acabou sofrendo broncoaspiração, que é quando substâncias são inaladas para as vias respiratórias. Posteriormente, veio a óbito durante a noite. O coronel, casado e com dois filhos, revela que, com o passar dos anos, Clarinha se tornou parte de sua família. ‘Comecei comprando produtos de higiene e fraldas. Sempre que ia ao mercado, levava algo para o quarto dela’, recorda.
O coronel estima que a paciente teria aproximadamente 47 ou 48 anos – ou seja, entre 23 ou 24 anos na época do acidente que a deixou em coma. ‘Durante esse tempo, algumas famílias apareceram levantando a hipótese de que Clarinha poderia ser um ente desaparecido. Contudo, exames foram realizados e essa possibilidade foi descartada’, relata Potratz. A Polícia Militar emitiu uma nota informando que o corpo de Clarinha foi encaminhado para o Departamento Médico Legal.
‘A Diretoria de Saúde da PMES está em contato com os médicos que acompanhavam a paciente e com o Ministério Público para tomar as medidas administrativas necessárias para o sepultamento, uma vez que se trata de uma pessoa sem identificação’, declara a corporação.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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