Repasse das vacinas para locais em estado de emergência por epidemia, afirmou ministra Nísia Trindade. Medida segue recomendação do comitê científico.
A dengue continua sendo uma preocupação para as autoridades de saúde, principalmente em épocas de calor e chuvas frequentes. A prevenção é fundamental para evitar a propagação do vírus, sendo essencial manter os cuidados para eliminar possíveis focos do mosquito transmissor.
A doença transmitida por mosquito é considerada uma epidemia em diversas regiões do país, demandando ações urgentes para conter a proliferação do Aedes aegypti. A população deve estar atenta e colaborar com as medidas de prevenção, evitando a reprodução do mosquito em seus locais de moradia.
Redistribuição de doses para combate à dengue
‘Nós estamos trabalhando e, com respaldo do comitê científico, vamos fazer a redistribuição das doses que não foram aplicadas usando um ranqueamento dos municípios que estão em emergência por dengue’, afirmou em uma coletiva. ‘Para atingir mais municípios, poderíamos ampliar a faixa etária, mas, pela questão de saúde pública, vamos ampliar os municípios’, explicou o responsável.
Até o momento, 350 cidades publicaram decreto de emergência e a pressão sobre o envio de doses não para de aumentar. A nova recomendação foi elaborada em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e é um desafio.
O estado de emergência em relação à epidemia de dengue está se espalhando, com a cidade de São Paulo decretando emergência por conta da doença. A prefeitura está em contato com o governo federal para solicitar mais doses da vacina.
Continua após a publicidade A Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do ministério, Ethel Maciel, informou que 1,2 milhão de doses foram doadas pela farmacêutica japonesa e distribuídas, mas apenas 435 mil foram aplicadas até o momento. ‘Temos um quantitativo importante que não pode ficar parado nos municípios.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) irá orientar os municípios com mais casos de dengue a receber essas doses para garantir a eficácia da vacinação’, explicou Maciel. A redistribuição das doses será feita dentro dos estados que já receberam as doses para evitar atrasos logísticos no repasse das vacinas.
Nísia explicitou a preocupação com as crianças que não estão sendo levadas para receber a primeira dose da vacina contra a dengue, o que motivou essa redistribuição. ‘Há uma pressão específica na vacinação da dengue. A gente vive essa contradição. Por um lado, tem pessoas que querem tomar a vacina.
Por outro lado, os responsáveis não estão levando (os filhos) para vacinar.’ A ministra destacou também que ‘nenhum país tem a vacina para uso em massa’ e que a farmacêutica não tem capacidade para enviar mais doses no momento.
Neste contexto, ela antecipou a possibilidade de produção nacional da vacina, através da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mas ressaltou que essa decisão só será tomada com a definição do montante de doses a serem produzidas e o cronograma para isso.
Continua após a publicidade Agravamento do surto de dengue traz preocupações para o país. Desde as primeiras semanas de 2024, os casos de dengue têm aumentado significativamente e, na semana passada, o número de casos de dengue no Brasil ultrapassou os registros de todo o ano de 2023.
O cenário é alarmante, com 1.937.651 casos da doença e 630 mortes já registradas. Além disso, outros 1.009 óbitos estão em investigação, tornando o atual número de notificações o maior dos últimos dez anos. O Ministério da Saúde estima que o país possa chegar a 4,2 milhões de casos de dengue em 2024,
A importância da campanha de imunização contra a dengue
O Distrito Federal e o estado de Goiás foram os pioneiros na recepção das doses da vacina contra a dengue, dando início à campanha de imunização que, até o momento, tem focado na faixa etária dos 10 aos 14 anos. A distribuição das doses também alcançará outros estados.
Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins receberão doses que serão destinadas a 521 municípios previamente selecionados por serem regiões com mais de 100 mil habitantes, predominantemente afetadas pelo sorotipo 2 da doença.
Além disso, essas localidades apresentaram índices elevados de infecção durante a última década, sendo consideradas de alto risco para a propagação da dengue. O grupo prioritário elegido foi o mais afetado por complicações que levam à hospitalização.
Continua após a publicidade Em outubro do ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou a vacinação contra a dengue, tendo como foco principal as crianças e adolescentes de 6 a 16 anos em áreas endêmicas, como é o caso do Brasil.
A vacina Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda, foi liberada pela Anvisa em março e sua inclusão no sistema público de saúde brasileiro fez do país o primeiro a adotar esse imunizante de forma tão ampla e eficaz.
Por fim, o documento do Ministério da Saúde apresentou esclarecimentos sobre os eventos adversos relacionados à vacina contra dengue, a qual faz parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e é destinada ao público de 10 a 14 anos. Entre as 365 mil doses aplicadas, foram relatadas 529 notificações, sendo 70 delas reações alérgicas, como hipersensibilidade e anafilaxia, consideradas raras.
Os especialistas recomendam que os pais mantenham a rotina de vacinação de seus filhos, a fim de protegê-los contra a infecção transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
Fonte: @ Veja Abril
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