Colégios adotam regra antiga de proibir smartphones, mesmo sem projeto de lei. Alguns estudantes relatam crises de abstinência, mas a medida é vista como uma moda saudável.
Imagine um cenário sem o constante barulho de notificações e a luz azulada dos dispositivos móveis. É assim que vivem os alunos que não podem usar celular na escola. Eles precisam encontrar outras maneiras de se entreter e se comunicar durante o período letivo.
No entanto, quando o sinal da aula termina, o aparelho volta a ser o centro das atenções. O celular é o companheiro inseparável desses jovens, que usam o smartphone para se conectar com amigos, familiares e até mesmo para realizar tarefas escolares. A tecnologia é uma ferramenta poderosa, mas é importante saber usá-la de forma responsável. O telefone pode ser um aliado ou um obstáculo, dependendo de como é utilizado.
Os Desafios da Proibição do Celular nas Escolas
A proibição do uso do celular nas escolas pode parecer uma medida drástica, mas é uma realidade que muitos estudantes estão enfrentando. Em algumas instituições de ensino, os celulares são ‘trancados’ em pochetes magnéticas durante o dia, e os alunos precisam aprender a se adaptar a essa nova realidade. O Ministério da Educação (MEC) anunciou que, em outubro, lançará um projeto de lei para proibir o aparelho nos colégios do país.
Os Efeitos da Proibição do Celular
As primeiras semanas após a proibição podem ser um ‘pesadelo’ para os jovens, com crises de abstinência e choro de bebês que não aceitam nem comer, nem trocar a fralda sem a tela. No entanto, com o tempo, a maioria consegue se adaptar e passa a prestar mais atenção às aulas. Os menores reaprendem a brincar, e os adolescentes trocam os chats de Whatsapp por esportes e interações ‘à moda antiga’, cara a cara. ‘É como a saída de um vício’, afirma Maristela Costa, professora de português da escola Alef Peretz (SP), onde os celulares dos alunos começaram a ser diariamente ‘trancados’ em pochetes magnéticas.
A Realidade das Escolas que Proíbem o Celular
Embora não haja uma determinação nacional, 28% das instituições de ensino urbanas e rurais já implementaram restrições rígidas em relação aos smartphones, segundo a pesquisa TIC Educação 2023, divulgada em agosto deste ano pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil. Para prever como será o dia a dia dos estudantes caso o PL seja aprovado, o g1 visitou três escolas em que os estudantes não têm autorização de mexer no celular em sala de aula e durante o recreio.
A Resistência dos Alunos
No início do ano, em São Paulo, a escola judaica Alef Peretz optou por importar dos Estados Unidos um modelo de pochete magnética, que fica trancada por meio de uma peça semelhante aos alarmes usados em lojas de roupas. Só depois da última aula, um funcionário usa um ‘desmagnetizador’ para abrir as bolsas. ‘Ficamos revoltadíssimos com a chegada das bolsinhas. Não poder usar celular nem no recreio é um pouco extremo’, diz o aluno Leo Gerchfeld, do 2º ano do ensino médio. Segundo o coordenador Antonio Arruda, foram necessárias três semanas para que os jovens conseguissem ‘sofrer menos’.
As Consequências da Proibição
As manifestações de desespero deixaram marcas nas pochetes – houve tentativas de ‘arrombamento’ que estragaram o fecho delas. Nesses casos, os estudantes responsáveis foram obrigados a pagar novamente a taxa de R$ 170 para adquirir uma nova bolsinha. Alguns alunos tentam usar o truque do ‘celular do ladrão’: colocam um aparelho antigo na pochete lacrada e deixam o ‘verdadeiro’ escondido embaixo da mesa. São jogadas de risco: quando flagrados, os alunos podem sofrer consequências.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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